quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Situacionismo;


A Internacional Situacionista – IS (fundada na Itália, 1957) foi uma organização revolucionária que resultou da unificação de três agrupamentos de artistas discordantes com a arte: o Comitê Psicogeográfico de Londres, a Internacional Letrista e o Movimento por uma Bauhaus Imaginista.
Movimento radicalmente crítico dos fundamentos da sociedade de classes, o seu programa aponta para a negação do mundo atual (moderno e capitalista). Pretendiam resistir ao habitual e à repetição, quebrando barreiras entre a arte e a vida.
Politicamente anarquista, fundamenta-se numa parte da obra de Marx, “nomeadamente na relatividade ao feiticismo da mercadoria e à alienação central dela decorrente”. Foi herdeiro de movimentos que anteriormente se tinham notabilizado na crítica à cultura do capitalismo, tais como o surrealismo e o dadaísmo.

Os Situacionistas interessaram-se pelo conceito de psicogeografia com o intuito de cultivar uma consciência sobre a forma como a vida cotidiana é condicionada e controlada pela ideologia da sociedade de consumo. Procuravam razões para os movimentos pela cidade à exceção daqueles para que o ambiente fora projetado, mostrando o potencial da experimentação, o prazer e o jogo na vida cotidiana.

Guy Debord inventa o conceito de Deriva (técnica de locomoção sem um objetivo na qual, uma ou mais pessoas, durante certo período de tempo, deixam tudo para se deixarem levar pelo terreno da cidade). Fazia-se em jornadas entre o nascer e o pôr do sol, sendo que o caminhante escolhia a direção a tomar sempre com o intuito de conhecer melhor o lugar e de, no fim, criar o seu mapa individual da cidade. (O termo vem do vocabulário náutico e militar, designando um tipo de “ação calculada, determinada pela ausência de um locus próprio”).

Quando Guy Debord dissolveu a IS em 1972, o fez para cumprir a regra que modelava o movimento. Naquela ocasião, o “quartel-general” começava a querer ter tropas e, para evitar isso, a liderança máxima que nunca se quis como liderança, se auto-dissolveu.
O movimento mesmo desaparecido continuou deixando influências. Guy Debord continuou escrevendo, para reafirmar a veracidade de suas proposições. Com câncer, suicidou-se em 1994. Hoje, é inquestionavelmente uma referência clássica do marxismo contemporâneo, ainda que seu legado, ao menos no Brasil (para seu desespero, se ainda estivesse vivo), esteja reduzido à moda intelectual em certos círculos “radicais” de jovens bem “nutridos” da classe média ou alta, alocados em certos departamentos de algumas instituições acadêmicas, que fazem da obra de Guy Debord apenas uma expressão retórica para certo criticismo acadêmico sobre o universo “espetacularizado” das mídias na sociedade contemporânea.

Bibliografia:
1 – I. S. nº1, Junho de 1958 in Internacional Situacionista – Antologia, Antígona, 1997.
2 – DEBORD, Guy – Introduction à une Critique de la Géographie Urbaine, 1955
3 – Internacional Situacionista – Antologia, Antígona, 1997.
4 – DEBORD, Guy – Théorie de la Dérive, 1958

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